06 de Julho – Dia Mundial de Combate às Zoonoses
Para tratar desse tema tão relevante, convidamos o Dr Lucas Edel Donato para responder alguns questionamentos sobre “Prevenção de Doenças Graves e Zoonoses”.
Quais são os principais tipos de patógenos que podem causar zoonoses?
São diversos os tipos de microrganismos capazes de infectar os animais e seres humanos, tais como vírus, bactérias, protozoários, fungos, etc. Destes os vírus são os que apresentam maior capacidade de se tornarem com potencial zoonótico devido a sua capacidade de mutação.
Quais são as principais zoonoses transmitidas de cães para humanos? E de gatos para humanos?
As doenças que são transmitidas dos animais para os seres humanos chamamos de antropozoonoses, e as que iniciam nos seres humanos e causam infecções nos animais são as zooantroponoses.
As principais antropozoonoses em cães são: raiva, leishmaniose visceral, dirofilariose e giárdia.
Em felinos: dermatofitoses, raiva e esporotricose.
Há outras doenças que apresentam este potencial são que ocorrem menor expressão, tais como dipilidiose, erliquiose,
Como essas doenças podem ser transmitidas para humanos? E quais são as medidas preventivas para evitar a transmissão de zoonoses entre animais e humanos?
A forma de transmissão é variada podendo ser direta ou indireta. As formas diretas ocorrem por meio do contato físico ou secreções, por exemplo, mordedura, arranhadura, lambedura, aerossóis etc. E a forma indireta, por meio de vetores (ex: picada), água etc…
As formas de prevenção envolvem basicamente guarda responsável associada vacinação, controle de parasitas (vermífugos, coleiras inseticidas, pour-on, etc…). E ações diretas ao seres humanos medidas higiênicas são capazes de reduzir alguns riscos.
Quais são os principais cuidados para evitar a transmissão de zoonoses durante o passeio com seu cão?
Essa condição pode variar a depender do tipo de doença envolvida, por exemplo, para que ocorra a transmissão da raiva faz-se necessária a mordedura para inoculação do vírus. No caso da giárdia e dipilidiose a presença das fezes do animal em um ambiente pode colocar em risco outros animais e seres humanos. Por fim, sempre recomendo que os animais sempre passeiem com uso de guia e evitem que pessoas desconhecidas façam contato abrupto com os animais, pois o fato do animal não reconhecer pode levar a agressão e mesmo que este animal não tenha alguma doença transmissível a lesão corporal pode ser grave.
Por que é recomendado levar o pet ao Médico Veterinário regularmente, mesmo que não apresente sinais de doenças?
Os meios de prevenção são sempre necessários, pois a presença da doença denotam que as medidas preventivas não foram utilizadas ou não foram eficazes (não existe medida 100% eficaz para evitar a transmissão de um patógeno).
O Médico Veterinário ao conhecer melhor o comportamento e rotina do animal consegue identificar potenciais fatores de risco ou exposição deste animal e consequentemente orientar sobre as melhores medidas profiláticas. Além de monitorar e identificar de forma oportuna qualquer alteração antes do surgimentos do sinais clínicos reduzindo o risco e tempo de transmissão daquele patógenos e a depender da doença evitar o desenvolvimento de um desfecho mais grave.
Qual a importância de protocolos vacinais personalizados para cães e gatos na prevenção de zoonoses?
Acredito que antes de iniciar protocolo de vacinação o médico veterinário deve levar em consideração os fatores de exposição do animal aquele possível risco e claro a situação epidemiológica da doença naquela localidade. Ademais, deve-se levar em consideração a eficácia destes produtos, pois sabemos que algumas vacinas comercializas no país não apresentam eficácia de prevenir a doença e neste caso me refiro a condição de que vacinar ou não vacinar apresenta o mesmo efeito e risco do animal adoecer. Devemos evitar a vacinal protocolar sem levar em consideração estes pontos acima, ou seja, “vacinar por vacinar”. Desde de 2012 a WSAVA propõe protocolos vacinais para cães e gatos baseados em evidências científicas elaborados a partir de metodologias rigorosas de revisão de literatura para serem aplicados a América Latina, portanto recomendo aos clínicos que sigam estas recomendações.
Dr Lucas Edel Donato
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade de Vila Velha-ES (2010). Especialista em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade dos Alimentos pela Universidade Castelo Branco. Mestre pela Universidade Brasília (UnB) na área de Epidemiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias, e Doutorando pela Universidade de São Paulo (USP), em Epidemiologia e Controle das Doenças Veiculadas por Artrópodes. Doutorado Sanduíche no Instituto de Salud Carlos III, Madri – Espanha. Foi bolsista pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) atualmente é consultor Técnico pela Organização Pan-Americana de Saúde, atuando pelo Grupo Técnico das Leishmanioses no Ministério da Saúde. É Professor no Centro Universitário de Brasília (CEUB) nas disciplinas Doenças Infecciosas e Parasitárias, Imunologia e Epidemiologia nos cursos de Medicina Veterinária e Ciências Biológicas. Área de atuação em pesquisas em doenças infecciosas e parasitárias.