O que é a Brucelose bovina?
A Brucelose bovina é uma doença infecto-contagiosa reprodutiva decorrente da infecção pela bactéria Brucella abortus. Considerada uma enfermidade grave e crônica, atinge várias espécies de animais e pode ser transmitida para os seres humanos. Por isso, o Dr. Fernando S. Kloster , Médico Veterinário da VP, fala mais sobre a doença e a aplicação do teste KIT Brucella FPA para a testagem do rebanho.
A Brucelose bovina é uma doença infecto-contagiosa reprodutiva decorrente da infecção pela bactéria Brucella abortus. Considerada uma enfermidade grave e crônica, atinge várias espécies de animais e pode ser transmitida para os seres humanos.
A Brucelose é transmitida para o homem pelo contato direto com animais infectados, por meio da manipulação e consumo de produtos e alimentos de origem animal contaminados como: leite cru e seus derivados (queijos, requeijão, nata, ricota…) e carne.
A Brucelose é uma causa comum de aborto em bovinos.
Os abortos causados pela bactéria acontecem geralmente no terço final da gestação, muitas vezes associados à retenção de placenta e endometrite.
A transmissão ocorre principalmente por meio da ingestão de material contaminado de fetos, placentas e secreções vaginais.
A bactéria se aloja nos cotilédones da placenta onde há uma alta concentração do hormônio eritritol.
O diagnóstico é realizado por isolamento bacteriano e detecção dos anticorpos (Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (triagem), Teste do Anel de Leite (triagem), Teste do 2-Mercaptoetanol (Confirmatório), Teste da Polarização da Fluorescência (FPA) e Fixação do Complemento.
Como é realizada a prevenção da Brucelose bovina?
A prevenção baseia-se na vacinação. Existem duas vacinas disponíveis no mercado:
A vacina B-19 é indicada para a imunização das fêmeas de 3 a 8 meses de idade.
Já a RB-51 é indicada para qualquer faixa etária acima dos três meses.
É proibida a vacinação de bovinos e bubalinos machos.
Após a vacinação, as fêmeas são identificadas com a marca de ferro quente na lateral esquerda da face com o algarismo final do ano de vacinação (no caso de fêmeas vacinadas com a B-19) ou a letra “V” (fêmeas vacinadas com a RB-51).
A vacinação só deve ser realizada por um médico veterinário cadastrado no serviço veterinário oficial, seguindo cuidados específicos, já que se trata de uma zoonose.
Como os produtores podem atuar no controle e prevenção da Brucelose bovina?
- Vacinando as fêmeas do rebanho;
- Adquirindo animais testados e com diagnóstico negativo, além de serem transportados com a emissão do Guia de Trânsito Animal (GTA);
- Examinando e testando o rebanho regularmente para a doença.
Quais são os impactos da Brucelose para a Saúde Pública e o setor econômico?
Nos bovinos e bubalinos a brucelose pode provocar problemas reprodutivos como abortos, baixa fertilidade nas fêmeas e esterilidade nos machos, tendo grande impacto econômico e na Saúde Pública.
O que diz o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal?
Conforme a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 10, DE 3 DE MARÇO DE 2017, fica estabelecido o Regulamento Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal – PNCEBT:
Art. 9º É obrigatória a vacinação de todas as fêmeas das espécies bovina e bubalina, na faixa etária de três a oito meses, utilizando-se dose única de vacina viva liofilizada, elaborada com amostra 19 de Brucella abortus (B19).
Parágrafo único. A utilização da vacina B19 poderá ser substituída pela vacina contra brucelose não indutora da formação de anticorpos aglutinantes, amostra RB51, na espécie bovina.
Art. 12º A marcação das fêmeas vacinadas entre três e oito meses de idade é obrigatória, utilizando-se ferro candente ou nitrogênio líquido, no lado esquerdo da face.
1º Fêmeas vacinadas com a vacina B19 deverão ser marcadas com o algarismo final do ano de vacinação, conforme a figura 8.
2º Fêmeas vacinadas com a amostra RB51 deverão ser marcadas com um V, conforme figura 9.
Art. 14º É proibida a utilização da vacina B19 em fêmeas de idade superior a oito meses.
Art. 15º É facultada ao produtor a vacinação de fêmeas bovinas com idade superior a oito meses utilizando-se a vacina contra brucelose não indutora da formação de anticorpos aglutinantes, amostra RB51, sem prejuízo do disposto no art. 9º da Instrução Normativa.
Art.16º É obrigatória a comprovação pelo proprietário da vacinação das bezerras ao serviço veterinário estadual, no mínimo, uma vez por semestre.
Art. 17º Bezerras não vacinadas dos três aos oito meses de idade deverão ter sua situação vacinal regularizada, mediante a utilização da amostra RB51.
Art. 24º Os testes sorológicos de diagnóstico para brucelose serão realizados em animais identificados individualmente, de acordo com os seguintes critérios:
I – fêmeas com idade igual ou superior a vinte e quatro meses, se vacinadas com a B19;
II – fêmeas com idade igual ou superior a oito meses, se vacinadas com a RB51 ou não vacinadas; e
III – machos com idade igual ou superior a oito meses, destinados à reprodução.
Fernando S. Kloster é Médico Veterinário na VP Diagnóstico Graduado em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2008), especialista em Biotecnologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2010) e mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná (2013).
Tem experiência na área de Medicina Veterinária com ênfase nos seguintes temas: Raiva; Imunofluorescência Direta; Controle da Raiva dos Herbívoros; Vigilância da Raiva no estado do Paraná; Tipificação Antigênica e Análise Filogenética do vírus rábico; Saúde pública; Zoonoses; Doenças Infecciosas; Defesa Sanitária Animal; Doenças Parasitárias; Metodologias In vitro de análise de substâncias com potencial anti-helmíntico e Diagnóstico de resistência parasitária.
Imagens: Pexels
Fontes:
Kit de teste para anticorpos contra Brucella abortus
Revista Científica Eletrônica De Medicina Veterinária
Brucelose bovina: o que é e como evitá-la