Longevidade pet. Quais os caminhos para o bem-estar animal?
Descubra os pilares para que os pets vivam mais e melhor. Confira o artigo da Dra. Marta Grumann.
Garantir que os tutores busquem os melhores caminhos para o bem-estar animal é fundamental para promover a longevidade pet. Por isso, conversamos com a Dra. Marta Grumann, médica veterinária que atua na área clínica de cães e gatos e dedica-se à longevidade e qualidade de vida pet.
Confira quais são os pilares para a longevidade pet e como a medicina veterinária promove uma vida melhor para os animais.
Qual a importância da medicina preventiva para a longevidade pet?
A Medicina Veterinária Preventiva, basicamente, organiza o “terreno biológico” do animal. Visa proporcionar equilíbrio e bem-estar, físico e mental, através da nutrição, imunização contra agentes infecciosos, manejo adequado e respeito à natureza de cada espécie. Uma vez ambientados, tutor e pet, inicia-se o processo de conscientização e instrução, a respeito de como proceder para que o pet goze de uma vida saudável e feliz.
Quando falamos em prevenção, é necessário que tutor e Médico Veterinário estejam alinhados. É preciso estabelecer e seguir uma agenda de avaliações e exames periódicos, assim como protocolos associados, a fim de monitorar a saúde do pacientezinho e detectar possíveis distúrbios. Abordagens precoces, antes ou na fase inicial da manifestação de doenças, oferecem a possibilidade de resolução e/ou controle de forma eficaz e rápida.
Quais são os pilares para a longevidade pet?
Abordo, abaixo, os principais pilares da longevidade:
- Saúde bucal – a doença periodontal está associada a uma série de patologias. Quando há inflamação na gengiva, por se tratar de uma inflamação crônica, ela causa estresse oxidativo, resultando disfunção e até morte celular, em diversos tecidos. Algumas células, em sofrimento, podem sofrer mutação, o que resulta em câncer. Além disso, grande parte das bactérias invade a corrente sanguínea, acometendo, com frequência, órgãos vitais, como coração e rins. Não paramos por aí, o fato de o animal engolir os “cadáveres” de bactérias, gera inflamação intestinal e disbiose. Boca limpa significa saúde, sempre!
- Protocolo vacinal individualizado – sabemos, há tempos, que a imunização contra agentes virais, tem atuação por mais de um ano no organismo. A conduta de vacinar todo animal, com uma vacina contendo todas as doenças, todo ano é um tanto ultrapassada e eu até diria, desnecessariamente arriscada. Que a vacina é importantíssima a gente não questiona e nem discute, porém, creio que poderíamos ter um olhar mais individual e lançar mão dos recursos disponíveis para titulação e monitoração de anticorpos, aplicando vacinas somente quando for necessário. Um belo exemplo é o VacciCheck® – um teste moderno e preciso, que titula anticorpos contra vírus da cinomose, parvovirose e hepatite infecciosa.
- Intestino saudável – quando há um desequilíbrio na microbiota intestinal, ocorre uma inflamação, com consequente invasão de toxinas, vírus, bactérias e pedaços de alimentos que não foram digeridos. Imagina tudo isso entrando na corrente sanguínea e invadindo o organismo. Nem preciso falar do quanto isso é prejudicial.
- Alimentação equilibrada – lembram do terreno biológico? Estou me referindo ao ambiente celular, onde todas as reações bioquímicas acontecem. Se não fornecermos todos os nutrientes necessários, esse terreno se torna hostil e, então, acontece o surgimento de doenças crônico degenerativas. Dieta balanceada e otimizada é vida!
- Peso ideal – o escore corporal é um parâmetro importantíssimo de avaliação de saúde. Quando abaixo ou acima do normal, ele nos indica as faltas ou excessos. Estamos com epidemia de obesidade nas clínicas e já está comprovado, isso diminui a expectativa de vida dos pets, em média, de três anos.
- Exercícios físicos e brincadeiras – oxigenação de tecidos com produção de mais energia, ativação de componentes celulares da longevidade, produção de hormônios de felicidade e bem-estar são algumas das razões pelas quais a atividade física se torna essencial
- Visitas periódicas ao veterinário – monitorar é preciso. Esse item está supracitado, onde mencionei a importância das avaliações frequentes para a Medicina Preventiva.
“O olhar integral e individualizado sobre cada paciente é uma característica indispensável dos Médicos Veterinários, os quais buscam transcender o modelo tradicional da medicina, focado exclusivamente na doença. Na maior parte dos casos, as patologias surgem por um conjunto de fatores base, os quais necessitam ser, cuidadosamente, investigados e tratados.”
Via Dra. Marta Grumann
Qual o papel dos hormônios no processo de envelhecimento dos pets?
O envelhecimento não é um processo patológico, mas sim um processo natural e progressivo dos estágios da vida. Contudo, tal condição muda a qualidade de vida do animal e do tutor. É preciso abordar os tutores sobre tal processo e suas consequências.
Na fase senil, muito são os efeitos do estresse nesse organismo, o qual procura se ajustar às novas condições, buscando, assim, sua alostase (resposta fisiológica ocorrendo em reação a um estímulo que gera ruptura da homeostase).
Em essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e coordenam as atividades em todo o corpo.
Assim, o estresse na vida do cão idoso estimula uma resposta biológica com a liberação de uma cascata de hormônios, neurotransmissores e moduladores da resposta imune (catecolaminas, cortisol e citocinas) que também refletem em mudanças comportamentais, de maneira mais desafiante nesse estágio de vida.
O manejo necessário para os animais idosos exige a aplicação de conceitos de bem-estar, nutrição adequada e avaliações clínicas mais frequentes. O médico veterinário tem um papel central na promoção do envelhecimento saudável, com a preservação do bem-estar físico, mental e social, procurando maximizar a qualidade e o tempo de vida destes pacientes.
O que as pesquisas mais recentes trazem de novidade ou confirmação sobre os estudos da nutrição para a longevidade e qualidade de vida dos animais?
As pesquisas têm evidenciado, por exemplo, que a obesidade – epidemia nas clínicas – diminui, significativamente, a expectativa de vida dos pets. Sabe-se que essa condição está atrelada a doenças crônico-degenerativas, pois constitui uma condição inflamatória grave, a qual causa danos celulares e encurtamento do telômero.
Atualmente, a nutrigenômica, nutrigenética e a epigenética têm se mostrado bastante elucidativas e úteis, no que tange à individualização da abordagem nutricional.
Quando entendemos tudo que acontece ao nível celular e as consequências, temos a oportunidade de abordar de forma mais assertiva, e melhorando a condição orgânica de cada indivíduo. Nutrição é bioquímica.
Dra. Marta Grumann
Médica Veterinária formada pela UPF/2004
Mestre em Bioexperimentação – UPF
Curso Intensivo Fisioterapia pelo IBRAVET SP
Curso Nutrição Básica Cães e Gatos – VetGourmet
Curso Alimentação Natural e Nutracêutica de Cães – Integrativa Vet
Atua na área clínica de cães e gatos e dedica-se à longevidade e qualidade de vida pet.
Medicina Natural e Nutracêutica
Sócia/Gerente na MiAu Pet Stop
https://www.instagram.com/martagrumannvet/
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