
Fevereiro Roxo | Doenças Neurodegenerativas
Estamos no Fevereiro Roxo!
Este é o mês de conscientização sobre a importância de cuidar dos pets, especialmente aqueles que estão envelhecendo e também mês de prevenção de doenças neurodegenerativas.
Convidamos a Dra Raquel Cantarella, especializada em Neurologia de Pequenos Animais para falar sobre as doenças neurológicas que afetam cães e gatos e o papel do Médico Veterinário Neurologista.
Quais as principais doenças neurológicas de cães e gatos?
As principais doenças neurológicas que afetam cães e gatos incluem doenças congênitas (doenças do nascimento), infecciosas, inflamatórias (auto-imunes), neoplásicas (tumores), degenerativas, metabólicas, vasculares, tóxicas e traumáticas.
Quais os principais sinais clínicos/sintomas observados em cães e gatos com doença neurológica?
Animais com doenças neurológicas podem manifestar diversos sinais clínicos, sendo que o sintoma é variável de acordo com a área e estrutura afetada dentro do sistema nervoso. Portanto, sintomas de redução do nível de consciência, andar compulsivo pela casa, andar em círculos, crises epilépticas, inclinação de cabeça, compressão da cabeça contra a parede/móveis, latidos compulsivos, trocar o dia pela noite, esquecimentos, paralisia facial, atrofia da musculatura da cabeça, agressividade súbita, cegueira e dificuldade locomotora são os sintomas mais comumente observados em cães e gatos com doenças instaladas no sistema nervoso.
Como identificar as doenças neurológicas autoimunes?
As doenças neurológicas autoimunes acometem os animais de forma súbita, ou seja, são aqueles que se apresentavam normais e subitamente começam com sintomas neurológicos, os quais progridem e pioram rapidamente. Esse grupo de doenças costuma acometer animais mais jovens (até 5-7 anos), sendo as raças de pequeno porte e fêmeas mais predispostas.
Costuma-se identificar as doenças autoimunes através dos dados de raça, idade, sexo e evolução rápida dos sintomas, sendo essas doenças muito agressivas, com alto potencial de destruição do sistema nervoso e risco de óbito dos pacientes acometidos.
O diagnóstico conclusivo é feito por meio da análise histopatológica do tecido neuronal realizada no paciente post-mortem (após o óbito). Já no paciente in-vivo é feita exclusão de outras doenças que apresentam sintomas semelhantes e os exames complementares podem ser sugestivos desse grupo de doenças. Portanto, o auxilio diagnóstico por meio da ressonância magnética de crânio e análise de líquor podem demonstrar características inflamatórias no tecido nervoso que ajudam o Neurologista a dar a conduta médica e prolongar o tempo de vida do paciente, mesmo diante do desafio do diagnóstico conclusivo.
Quais são os exames realizados pelo médico veterinário neurologista no momento da consulta?
No momento da consulta com o Neurologista são realizados testes físicos que representam a integridade funcional das estruturas do sistema nervoso. Quando o paciente não consegue executar um determinado teste, então entende-se que existe um dano na área neuronal correspondente. As partir desse conjunto de informações que localizam a lesão no sistema nervoso, bem como a compreensão de quais doenças podem estar envolvidas (diagnósticos diferenciais), o planejamento clínico sobre quais exames complementares serão realizados para conclusão diagnóstica e qual será o tratamento estipulado são então discutidos com a família.
Quais exames complementares podem ser necessários?
Os exames complementares necessários para conclusão diagnóstica envolvem check-up sanguíneo completo (hemograma, bioquímicos, eletrólitos e glicemia), exames hormonais (quando necessário), análise de urina, tomografia computadorizada, ressonância magnética e análise de líquor. A solicitação dos exames pode ser variável, de acordo com cada caso clínico e sua respectiva necessidade de investigação diagnóstica. Sendo assim, os exames complementares são etapas fundamentais na abordagem de pacientes neurológicos, os quais permitirão o Neurologista avaliar e decidir com a família qual será a melhor forma de tratar o Pet, estabilizar o quadro clínico e auxiliar o paciente a recuperar sua qualidade de vida.
Dra Raquel Cantarella
Médica Veterinária graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2007);
Possui pós-graduação Lato Sensu em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais pelo Instituto Qualittas de Pós-Graduação;
Concluiu a Residência na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais pela Universidade Tuiuti do Paraná, com ênfase em Neurologia;
Possui Mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná, desenvolvendo pesquisa na área de Neuro-Oftalmologia;
Concluiu o V Curso de Formação em Neurologia de Pequenos Animais pelo Instituto Bioethicus de Botucatu;
Possui mais de 10.000 horas em cursos de aperfeiçoamento e encontros na área de Neurologia Veterinária, incluindo aperfeiçoamento pelo Brain Camp na Ohio State University.
É membro da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária ABVN.
É professora de pós-graduações, além de palestrante de cursos, semanas acadêmicas, congressos e simpósios.
Atua no atendimento especializado de Neurologia Clínica de Pequenos Animais e Neuro-Oftalmologia no estado de São Paulo e regiões.
É CEO da empresa Neuroclass, atuando no treinamento técnico de Neurologia Veterinária para clínicos gerais, plantonistas e equipes hospitalares. Desenvolve também cursos de aprimoramento para especialistas Neurologistas e Oftalmologistas, além do desenvolvimento de Médicos Veterinários para posicionamento, valorização e comunicação profissional.