Adoção animal é um ato transformador: conheça a história de Doralice.
Adotar é um ato de amor. Foi esse sentimento que uniu Doralice à médica veterinária Janaína Reis. Saiba mais sobre essa história emocionante que vai no sentido contrário das estatísticas sobre adoção no país.
Em um recente estudo, realizado em 2019 pelo Instituto Pet Brasil, verificou-se que mais de 170 mil animais abandonados estão sob cuidado de ONGs em todo país. O levantamento é inédito e foi feito com 370 ONGs e grupos que atuam na área de proteção animal.
O instituto ainda fez uma estimativa sobre número de animais em condição de vulnerabilidade, e que ainda recebem cuidados de pessoas: são cerca de 3,9 milhões de cães sendo cuidados por famílias classificadas como abaixo da linha de pobreza ou em situação de rua.
Nós sabemos que são vários os fatores que levam ao abandono dos animais. E a partir desses dados podemos constatar que a situação econômica de tutores pode influenciar os números e ainda mais as vidas dos envolvidos. Assim como existem casos em que os tutores se mudam ou falecem, e os familiares abandonam os animais ou acionam ONGs.
Cães adultos não estão entre os primeiros da lista de quem vai adotar um pet. E quando falamos de cães com deficiência, estes têm menos chances ainda de ganhar um novo lar.
Do outro lado desses casos de abandono, acabamos por conhecer muitos animais que são resgatados e ganham uma nova chance de receber e dar amor aos humanos. Esse é o caso da Doralice, uma cadeirante caramelo que foi resgatada pela Dra. Janaína dos Reis.
Conversamos com a Dra. Janaína para saber mais sobre esse ato de amor e transformação na vida de ambas. Confira:
Como foi a adoção da Doralice?
Sou médica veterinária e sempre participei de ações na proteção animal. Um dia, estava na clínica, e recebi um pedido de ajuda para uma cadela que havia sido abandonada com cadeira de rodas. Ela estava no CCZ de Santo André e seria eutanasiada por “não ser apta à adoção”. Imediatamente solicitei que a trouxessem para minha clínica. A princípio seria por um período até encontrar um lar para ela, mas não consegui ficar longe dessa menina linda.
Quais os cuidados necessários que ela precisou de imediato?
Ela estava bem suja, desnutrida, debilitada… Num primeiro momento fizemos tratamento de suporte. Realizamos exames e constatamos que ela realmente tinha lesão irreversível em coluna torácica. Nas semanas seguintes realizamos a castração dela. Em menos de um mês ela estava linda, forte e muito feliz.
Doralice era cadeirante, mas isso não impossibilitou de realizar muitas atividades, quais os cuidados durante viagens e passeios?
Doralice passeava muito!!! Viajou, nadou no lago, correu em praças… Ela tinha limitações, claro, mas era muito ativa e feliz. Ela conseguia fazer praticamente tudo. Era muito independente. A sua maior limitação era o esvaziamento da bexiga, pois ela fazia retenção de urina devido à lesão em coluna. Nós tínhamos que auxiliar nisso três vezes ao dia.
Quais as suas dicas para quem quer adotar animais que têm deficiências ou problemas de saúde crônicos?
É muito importante ter ciência das limitações e das necessidades do animal. Geralmente são animais que requerem mais cuidados e geram gastos maiores. Em troca recebemos um amor incondicional e a gratidão eterna por parte deles.
Você já adotou outros animais? Como foi a experiência dessa adoção com a sua filha criança?
Todos os meus animais sempre foram adotados. Minha filha Tereza, de 7 anos, convive com animais desde que nasceu e é apaixonada por cães e gatos. A interação é maravilhosa!!!
Doralice era idosa quando faleceu, quais os cuidados especiais para cães idosos e cadeirantes?
Doralice já chegou com aproximadamente 8 anos. Ela viveu 7 anos conosco. Nos últimos anos, as limitações aumentaram. Ela perdeu a força nos membros torácicos e os passeios começaram a ficar mais complicados. Ela também passou a precisar de ajuda para comer e mudar de lugar.
Você é Médica Veterinária, então pode nos indicar quais são os exames iniciais que um animal adotado deve realizar?
É muito importante levar o animal a uma consulta com médico veterinário, para que o mesmo seja avaliado e para que o médico veterinário possa solicitar os exames mais indicados para o animal. Essa avaliação é muito individual e não existe uma regra de quais exames devem ser pedidos nesse primeiro momento. O mais importante é passar primeiro pela consulta com o veterinário, inclusive antes de colocar o animal com outros da mesma casa.
Doralice nos deixou em 2018, mas como Janaína lembra em uma postagem do Instagram: “foram mais de sete anos de muito amor e gratidão, de ambas as partes. Doralice foi um grande presente na vida de todos que a conheceram.”
Dra. Janaína dos Reis
Médica Veterinária, Clínica e Cirurgia Geral, Especialista em Medicina de Felinos.
Mãe da Tereza e de filhos de 4 patas.
Apaixonada pela profissão.
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Fotos:
Janaina dos Reis / Acervo pessoal.
https://www.instagram.com/janreis/
Fontes:
http://institutopetbrasil.com/