Mês do cachorro louco: saiba mais sobre a Raiva
Quer saber os motivos de agosto ser o mês do cachorro louco? A Dra. Gisele Tesserolli, esclarece algumas dúvidas sobre a doença.
Agosto tem a fama de ser o mês do cachorro louco, porém, é importante que a Raiva seja um assunto mais claro para a população e para os tutores. Por isso, a médica veterinária da VP, Dra. Gisele Tesserolli, esclarece algumas dúvidas sobre a Raiva neste artigo. Confira:
A origem e popularização da lenda sobre agosto ser o mês do cachorro louco aconteceu a partir da observação sobre o aumento de cadelas no cio, o que causaria um comportamento mais ‘raivoso’ dos machos, causando brigas entre os animais e consequentemente fazendo a Raiva se espalhasse entre eles.
Mas o que é a doença, sua causa, sintomas, diagnóstico e tratamento? A Dra. Gisele Tesserolli responde essas dúvidas:
O que é e o que provoca a doença?
Dra. Gisele – A raiva é uma doença viral fatal, que afeta o sistema nervoso central da maioria dos mamíferos, inclusive humanos. O vírus pode ser transmitido por arranhaduras ou lambidas, mas geralmente a transmissão ocorre por mordidas. Na América do Sul, o morcego hematófago é um reservatório importante do vírus. Os animais infectados podem excretar o vírus na saliva algum tempo antes do surgimento dos sinais clínicos.
Quais são os sinais clínicos da raiva?
Dra. Gisele – Os animais afetados podem ficar confusos e desorientados, animais silvestres geralmente perdem o medo natural de humanos. Pode-se observar aumento na agressividade, com maior tendência de morder objetos e outros animais. Na fase paralítica da doença, observa-se fraqueza muscular, dificuldade na deglutição, salivação profusa e mandíbula caída. Mas é importante salientar que nem todos esses sinais são observados.
Qual a importância da imunização dos animais no caso da Raiva?
Dra. Gisele – Por se tratar de uma doença extremamente grave, é muito importante que seja feita a vacinação anual de cães e gatos. Ela é eficaz para a prevenção da raiva nesses animais e consequentemente prevenir a raiva na população humana, afinal mais de 95% dos casos em humanos resultam de mordidas de cães raivosos.
Quais os cuidados necessários que os tutores devem tomar?
Dra. Gisele – Os tutores devem ficar atentos à data de revacinação anual, e a qualquer alteração de comportamento do seu pet, o médico veterinário deverá ser consultado.
Como está o controle da doença no país?
Dra. Gisele – A raiva urbana pode ser efetivamente controlada pela vacinação anual e pela redução de animais nas ruas. A posse responsável é a melhor maneira de reduzir a transmissão da raiva e de outras doenças infecciosas que acometem cães e gatos.
A vigilância da raiva animal no Brasil, engloba ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que compartilham informações referentes a casos de raiva em animais de interesse para a saúde pública como cães, gatos e animais silvestres, incluindo os casos da doença em morcegos e animais de produção como bovinos e equinos, por exemplo. Essas informações auxiliam na organização das ações de controle e mitigação frente aos casos de raiva em animais, buscando a prevenção de casos humanos e o bloqueio vacinal, se necessário, para impedir a disseminação do vírus entres as diferentes espécies.
Segundo dados da Vigilância da raiva animal, de janeiro a maio de 2020, ocorreram 102 casos no Brasil, distribuídos entre os seguintes animais: cães, bovinos, equinos, morcegos hematófagos, primatas não humanos e canídeos silvestres.
Na série histórica de 1999 a 2017, o Brasil saiu de 1.200 cães positivos para raiva em 1999, para 09 casos de raiva canina em 2018, todos identificados como variantes de animais silvestres. Mesmo com o cenário de estabilidade e redução no número de casos de raiva humana e em cães e gatos, são necessárias constantes campanhas de conscientização dos tutores e de vacinação antirrábica canina e felina, e também identificação dos locais onde ocorrem o ciclo silvestre da doença, para uma efetiva vigilância e controle da raiva humana no Brasil.
O que fazer em casos de mordidas ou arranhaduras?
- Higienize a área atingida, lavando o ferimento com água e sabão e procure ajuda médica;
- Identifique o animal agressor e seu tutor;
- Caso o animal seja conhecido, observe seu comportamento por pelo menos 10 dias;
- Se o animal estiver em condição de rua, procure o Centro de Controle de Zoonoses de seu município.
A Raiva canina é uma zoonose, e sua transmissão pode acontecer a partir de mordida ou arranhadura desses animais. A partir da lenda popular, o mês de agosto passou a ser oficialmente Mês de Conscientização da Raiva Canina, uma vez que a vacinação é a única forma de prevenção. Por isso, fique atendo aos cuidados com seus pets e sempre consulte os profissionais da área para esclarecer suas dúvidas.
REFERENCIAL
- Raiva: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em saude.gov.br
- Situação epidemiológica da raiva no Brasil. Guia de Vigilância em Saúde: volume único / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. 3a. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 740 p.
- P.J. QUINN et. Al. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 380-385
Dra. Gisele Tesserolli de Andrade, Médica Veterinária da VP Diagnóstico. Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná (2001), Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR, 2003) e Mestre em Patologia Animal.
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